quinta-feira, 1 de outubro de 2009

O marido dela saiu de casa montado numa bicicleta no dia 25 de Janeiro. Ainda bem que não fugiu de bicicleta no dia 25 de dezembro com uma garotinha.

Ele estava mais decidido do que nunca e preferiu - achando melhor - não falar nada prá ninguém: levava uma bicicleta e uma garota de menor, uma caixa de ferramentas de pedreiro, vestia calça azul, camisa verde, blusão cinzento tipo militar, e calçava botas de borracha ...Foi dito pelos poucos que chegaram vê-los cairem no capinado...
Disseram que parecia que o casal estava partindo para nunca mais voltar. Não sei porque o casal teve o prazer de contar uma desgraça desse tamanhão para uma recém-casada com menos de oito meses de gravidez...! Os vizinhos preocupados nunca viram uma mulher ficar andando de bicicleta grávida quase na hora de ganhar... Diz ela que se for homem terá o nome do pai porque tinha sido combinado.
_Como a verdadeira esposa não teve mais notícias estava esperando o pior. Achava que o marido lhe abandonou de vez porque estava cada vez mais estranho e
frio. Ela acha e tem quase certeza que foi depois da gravidez. E até agora ela não sabe para que fugir com a mocinha do circo que andava no trapésio e que não tem mais experiência de nada, ela quer ver mesmo será na hora de lavar as cuecas dele. Falando é igual uma lavadeira em dia de chuva disse também que agora tudo está mais claro - todos os dias que o circo esteve na cidade não perdeu nenhum dos espetáculos. Falou o nome dela no sonho: e disse prá dispistar que era o nome de uma coleguinha de escola que tinha sido sua namorada e que tinha sido um namorica bobo.

Parece que ela está bastante decidida e agora não lhe interessa mais nada: se ela fugiu com ele montada na garupa ou fugiu com o seu desgraçado ex-marido montada no quadro. Se ela pegar os três vai acabar com todos. Ela sabe que não tem nada a ver, mas, mesmo assim ela odeia todas as bicicletas. A culpa só pode ter sido da bicicleta mais bonita de todas. A desenvergonhada do trapézio apaixonou parecendo ser uma carência paterna, disse outro dia um psicólogo na televisão, num caso mais ou menos parecido.
Agora todos os dias e as vezes até de noite quando o sono não chega, ou sono some, ela não sai mais da janela esperando o marido voltar: sozinho e Deus, e a bicicleta.

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