_O desabafo do presidente da ONG Sampa Bikers, Paulo de Tarso, ecoa boa parte das reivindicações dos brasileiros – cada vez mais numerosos – que utilizam a bicicleta como meio de transporte urbano. De acordo com levantamentos da Associação Nacional dos Transportes Públicos (ANTP), 7.4% dos deslocamentos em área urbana são feitos de bicicleta, num total de 15 milhões de viagens diárias no país. A frota nacional de 50 milhões de bicicletas dobrou na última década e cresce numa razão de 5 milhões por ano. Segundo o coordenador do Grupo Técnico (GT) de Bicicletas da ANTP, Luiz Bianco, o caos no trânsito das grandes cidades e o preço do transporte público aumenta a demanda pela bicicleta, mesmo num contexto violentamente adverso. _“Não há estrutura de apoio para o uso da bicicleta e a convivência no trânsito não é pacífica. Não há respeito e o ciclista ainda é visto como um louco. Mesmo assim é nítido que o número de ciclistas aumenta. O que assusta é que pode estar acontecendo uma revolução silenciosa e de repente teremos um salto no uso da bicicleta sem ter estrutura para isso”, “os obstáculos citados foram a insegurança quanto ao atropelamento, o medo de assalto, a falta de estacionamentos e a falta de ciclovias”
_.De fato a estrutura para o ciclista é diminuta nas cidades brasileiras. Dados da própria ANTP dão uma idéia da escala: o país inteiro tem 600 quilômetros de ciclovias em uso, enquanto a Holanda, com o tamanho equivalente ao dobro de Sergipe, tem 15 mil quilômetros. Mobilidade sustentávelA necessidade de dar vazão a esta demanda e de enfrentar o problema do trânsito saturado levou o Ministério das Cidades a criar, há um ano, o Programa Brasileiro de Mobilidade por Bicicleta - Bicicleta Brasil. A proposta, que conta com investimento de R$ 62 milhões, tem o objetivo de estimular os municípios a implantar sistemas cicloviários, que direcionem ações para a segurança de ciclistas. As prefeituras deverão apresentar até o fim de novembro projetos que se integrem ao sistema de transporte urbano, facilitando a mobilidade nas cidades.Diretor de Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades, o administrador Renato Boareto diz que o programa não pretende apenas criar ciclovias, mas integrar a bicicleta como opção de mobilidade e contribuir para mudar a cultura do privilégio ao automóvel. “As pessoas recebem sinalização do poder público. A cidade é pensada como se um dia todas as pessoas fossem ter um automóvel e isso nunca vai – nem pode – acontecer. As pessoas escolhem o meio de transporte a partir do estímulo do poder público”. O interesse das prefeituras é alto, diz o administrador: o programa já analisa projetos de cerca de 2 mil municípios, parte deles ligados a sistemas cicloviários._O investimento virá do Orçamento Geral da União – que deverá disponibilizar recursos a fundo perdido – e dos recursos arrecadados por municípios. Outros R$ 300 milhões virão do Programa de Financiamento de Infra-estrutura para Mobilidade Urbana (ProMob), para os 224 municípios com mais de 100 mil habitantes. “Procuramos apoiar experiências piloto que simbolizem o que queremos implantar, aplicando recursos em dispositivos de segurança para uso da bicicleta”, diz.O Bicicleta Brasil lançará, no início de 2008, uma edição atualizada do Manual de Planejamento Cicloviário, fornecendo aos municípios informação técnica sobre integração de transportes e redução dos custos de mobilidade. O programa também trabalha na capacitação de gestores públicos e na sensibilização da sociedade sobre o assunto.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário